Esta é a parte que você nunca arrancará de mim.

sábado, 29 de outubro de 2011

Um som




E essa vitrola em teu peito?

Se encostar seu ouvido,
dá até para ouvir a música do seu coração.
Em ritmo acelerado ou lento,
mas a melodia é sempre a mesma.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

In(animado)

Eu escrevia seus passos com os rastros em um caderno sem linhas.
A cadeira vazia denunciava a partida.
Que sentada em si mesma, cruzou as pernas e criou raízes,
reproduzindo frutos que passarinho comia.
Olhou para o quadro, um auto-retrato, sentiu-se invejada por não ter a face.
E o que tinha? Apenas dois traços. Um fio que cortava o caos, e outro que cortava o dia.

Da madeira mais dura foi feita, talvez por isso orgulhosa.
Seu orgulho criou olhos.
Seu orgulho criou boca e nariz.
Percebeu que precisava não ser objeto de sentar e cruzar pernas.
Precisava ser objeto de andar, pernas.
Precisava ser objeto de dançar, pernas.
Precisava ser objeto de pernas de horizonte.


Pedro Pelegrini e Luana Cevada

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Poesia de um pintor


As luzes dos postes se acenderam
no lugar das estrelas.
Eu vinha do céu e o vinho eu bebia.
Aqui os postes não se acenderam,
tivemos que nos conformar com o resto de luz
que as aleluias traziam.
Mas nem aleluias tiveram o benefício da luz,
só as mães.


Pedro Pelegrini e Luana Cevada.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Minâncora

Uma pessoa só consegue voltar para um lugar quando já esteve por lá. Não dê segunda chance, para quem não mereceu nem a primeira.
E o sapo não vira príncipe, pelo menos não quando você o beija. O sapo vira príncipe quando você o deixa.

Espinhas secando tão rapidamente quanto as feridas no coração.