Esta é a parte que você nunca arrancará de mim.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

In(animado)

Eu escrevia seus passos com os rastros em um caderno sem linhas.
A cadeira vazia denunciava a partida.
Que sentada em si mesma, cruzou as pernas e criou raízes,
reproduzindo frutos que passarinho comia.
Olhou para o quadro, um auto-retrato, sentiu-se invejada por não ter a face.
E o que tinha? Apenas dois traços. Um fio que cortava o caos, e outro que cortava o dia.

Da madeira mais dura foi feita, talvez por isso orgulhosa.
Seu orgulho criou olhos.
Seu orgulho criou boca e nariz.
Percebeu que precisava não ser objeto de sentar e cruzar pernas.
Precisava ser objeto de andar, pernas.
Precisava ser objeto de dançar, pernas.
Precisava ser objeto de pernas de horizonte.


Pedro Pelegrini e Luana Cevada

Nenhum comentário:

Postar um comentário