Esta é a parte que você nunca arrancará de mim.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

In aeternum



As crônicas do além do céu - In aeternum


A terra parecia a mesma que a do seu planeta natal, também chamado Terra. Aliás, para os habitantes desse novo mundo, a Terra era o 'Planeta Azul da Galáxia Norte' junto com o Vermelho, o Gasoso, entre outros, além de seu Sol no centro da elipse harmônica daquele sistema.
Neste novo planeta ela percebeu algo diferente depois de começar a contar o que havia acontecido à eles:
"Ficamos com medo de descer, pois não sabíamos se poderíamos morrer assim que pisássemos aqui..."
"Morrer?"- interrompida por um dos habitantes.
"É, há planetas tão perig..."
"O que é morrer?"
Ava ficou sem palavras por um instante, como eles não sabiam? Como chamavam aquela 'ação'?
"Morrer é perder os sentidos para sempre"- tentou.
"Desmaio?"
"Sim, mas um desmaio do qual você não volta mais, seu corpo fica e sua mente se fecha."
"Nunca mais?"
"Nunca."- Ava falou com naturalidade, mas em tom triste, da mesma forma que todos os da sua espécie referiam-se aquele fato em suas vidas: perder e ser perdido para a morte. A reação daquele povo foi um espanto geral. Nunca houve tantas caras assustadas e tristes reunidas naquele lugar.
"Vocês nunca viram isso?"- Ava tentava entender.
"Isso nunca aconteceu entre nós! Não sabíamos que acontecia..."
"Não? Eu sempre pensei que tudo que está vivo um dia morre..."
"Não aqui."- um sábio daquele povo, que até então não havia se expressado, explicou: "Aqui nunca vimos isso, a nossa reprodução é muito pequena, por isso todos que nascem não saem daqui, ficam por perto, formam famílias por aqui mesmo."
"Quantos anos o senhor tem?"
"Anos? Não sei o que é isso."
O assunto, pesado para eles, intrigante para ela, foi encoberto por outros, mais interessantes e animadores. Durante o por-do-sol Ava ficou pensativa, não entendia porque eles não morriam, já que estavam vivos e não pareciam ser composto somente por moléculas inorgânicas, sei lá, estava difícil de entender.
Até o dia de sua despedida, o assunto sobre morte nunca mais havia sido tocado.
"Porque você tem que ir?" -uma cara de choro a olhava, de cima para baixo.
"Ô lindo, minha missão não é só aqui, mas prometo que volto pra te ver!"
"Mas 'Aba',o corpo fica e pra onde a gente vai depois que morre?"
Aquela pergunta a intrigou:
"De tantos que já morreram, ninguém sabe ou tem certeza pra onde vamos depois que deixamos o corpo..."
Aquele pequeno ser, que se preocupou para onde ir depois dessa vida, ninguém sabe ao certo porque, mas ele foi o primeiro de sua espécie a morrer.

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